Oi pra vocês (:
Sexta-feira passada eu fui em um processo seletivo coletivo - isso mesmo, torçam muito por mim -, ou seja, nove pessoas em uma sala, sendo entrevistadas simultaneamente por duas pessoas, foi uma das coisas mais difíceis que passei na vida, eu tenho verdadeiro pânico de falar em público, mesmo sendo poucas pessoas meu coração quase pulou do peito.
Como isso aqui é um blog de tudo - ou quase - resolvi mostrar pra vocês como a vida anda difícil no mundo lá fora. Quando a gente tá entrando na adolescência tudo que nossos pais falam a gente acha que é besteira, e quantas vezes nem escutamos o que eles dizem? Mas se eu pudesse dar conselhos para a Jéssica de 7 anos atrás eu diria "escute a mamãe, estude mais, coma menos, não se enrole com "tal" garoto, se prepare, não ache que a vida vai ser sempre escola e professores que passam a mão na sua cabeça!" Mas como não é possível, eu aprendi tropeçando, me machucando e chorando, como todas as pessoas.
O estranho de estar nessa sala com mais nove pessoas era ver o quanto éramos diferentes umas das outras, e o quanto nos digladiávamos pelo mesmo objetivo, a mesma vaga, falávamos qualquer coisa para parecermos melhores, e, por fim, para ser "a escolhida". Das nove, eu era a mais nova e a única que nunca tinha trabalhado, com muitos cursos, mas nenhuma experiência. Tinha uma ruivinha, desinibida, sem medo de falar e recém-casada. Uma moça que trabalhou a vida inteira no colégio da aeronáutica, e sacava tudo de aviões. Uma menina novinha que tinha feito estágio por três anos no Banco do Brasil. Uma mulher meio velha que não era casada e que precisava do emprego pra ajudar a mãe. Uma outra que vendia bombom na rua e que o sonho dela era montar uma empresa e ser maior que a Cacau Show. Uma garota que queria fazer faculdade de Psicologia e precisava de grana pra pagar. Uma menina que devia ser pouco mais velha que eu e queria fazer Administração. E uma paulista que trabalhou em vários lugares, e que não estava interessada na vaga, só estava lá por educação.
Depois de passar por toda essa experiência de "ai-meu-Deus-eu-tenho-que-parecer-muito-competente" eu me peguei pensando o quanto é difícil ter um emprego legal hoje em dia, primeiro porque seu currículo tem que ser pré-selecionado, e depois selecionado de novo, só pra você passar por um momento constrangedor com outras pessoas em uma sala, onde todos ficam pensando que precisam dar o melhor de si por uma única vaga. E tirando a moça que não queria a vaga, oito pessoas deram o melhor que podiam, porém sete delas ficarão decepcionadas com o resultado, e continuarão desempregadas, com contas pra pagar, mãe pra ajudar, filho pra alimentar, casa pra suprir e sonhos pra realizar.
Eu não posso dar conselhos à "Jéssica-de-7-anos-atrás", mas eu sei que tem pessoas que leem esse blog que são mais novas que eu, e sem nenhuma lição de moral, eis o meu conselho à vocês: "os pais são humanos, eles nem sempre estarão certos, mas tenham paciência com eles, é comum que eles errem assim como vocês; estudar nunca é de mais, não há exagero nenhum em aprender, façam cursos, sejam espertos, se preparem muito para a vida; no Ensino Médio façam um estágio só pra ter no seu currículo que você tem alguma experiência; estudem pelo menos uma língua, e dominem ela por completo, um dia você vai precisar; leiam muito e tenham opiniões formadas sobre todos os assuntos, sejam astutos, e saibam expor o que pensam".
Esses são os conselhos que me deram e eu não soube aproveitar, espero que vocês que leem o Segredos da Corte sejam mais inteligentes que eu e aproveitem o que eu acabei de dizer à vocês. Eu sei que é difícil seguir isso, mas a distância entre sonho e realidade é disciplina, e se o mundo é cruel com quem tá preparado pra ele, imaginem para quem não está nem aí pro futuro.
Beijos pra vocês, Jéssica Marina.
Eu precisava desabafar.